Trilha de Conceitos

COPRODUÇÃO

Salm (2014, p. 42) define coprodução como “uma estratégia que permite a produção de bens e serviços públicos por meio do compartilhamento de responsabilidades e poder entre agentes públicos, agentes privados e cidadãos”. Ela é pautada na multidimensionalidade humana, por isso cada pessoa pode participar da comunidade como agente político e social, priorizando o público ao privado e visando a sustentabilidade e a autorrealização humana. (SALM, 2014)

DESENVOLVIMENTO

O conceito de desenvolvimento pode ser definido a partir de diversas perspectivas, mas nos limitaremos à perspectiva política e social. Trata-se de um conceito polêmico porque costuma envolver economia e território. Nesse sentido, é importante distinguir desenvolvimento de crescimento. Enquanto o crescimento diz respeito à produção econômica em um dado período e território, o desenvolvimento seria a sua distribuição equitativa para toda a sociedade. Há críticas à concepção de desenvolvimento como essencialmente econômico e delas partem algumas qualificações do processo de desenvolvimento, sendo um exemplo o desenvolvimento sustentável. Fruto de uma ampliação do conceito de desenvolvimento, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado como contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) e tem como objetivo avaliar se uma sociedade garante sua plena cidadania. (CHACON, 2014)

ECONOMIA SOLIDÁRIA

O conceito de Economia Solidária pretende refletir sobre a realidade de uma outra economia, que se gesta em diferentes partes do mundo a partir de iniciativas de natureza cooperativista e associativista oriundas da sociedade civil e dos meios populares. A economia solidária fundamenta-se em uma outra concepção de economia, portadora de um discurso crítico sobre a relação entre economia e sociedade. O termo compreende em si a redefinição de diferentes relações econômicas como a produção, comercialização, crédito e consumo, articulando-as em torno do ideal de direito ao trabalho associado e democracia econômica. (BOULLOSA, 2014)

ECONOMIA SOCIAL

“Uma definição sumária de economia social remete àquelas atividades econômicas concernente à sociedade de pessoas que busquem democracia econômica associada à utilidade social. Ampliando-se o escopo de significados, pode-se agregar a essa definição o conceito de solidariedade e, concretamente, a hibridação de recursos mercantis, não-mercantis e não monetários.” (DEFOURNY, 2009, p. 156)

EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Nas palavras de Oliveira (apud IIZUKA, 2014) empreendedorismo social é um conceito que se relaciona com uma nova racionalidade da vida humana que consiste em uma espécie de empreendedorismo, cujo paradigma consiste na transformação social da realidade, gerando valor social em suas ações, assim como o desenvolvimento sustentável e mudança social. O conceito de empreendedorismo social pode ser definido, também, como “(…) uma atividade inovadora, que pode ocorrer com ou por meio de setores sem fins lucrativos, empresarial ou governamental, criando valor social” (AUSTIN; STEVENSON; WEI SKILLERN J. apud IIZUKA, 2014, p. 58).

GESTÃO SOCIAL

Para Cançado, Tenório e Pereira (apud Cançado, 2014, p.81) “em síntese, a gestão social pode ser apresentada como a tomada de decisão coletiva, sem coerção, baseada na inteligibilidade da linguagem, na dialogicidade e no entendimento esclarecido como processo, na transparência como pressuposto e na emancipação enquanto fim último (…)”. O conceito de gestão social, portanto, compreende uma gestão alternativa à tradicional, conhecida na área de administração, pois trata da gestão exercida por pessoas privadas que se encontram num espaço público – ou seja, em uma esfera de assuntos referentes à sociedade – e que deliberam sobre as necessidades e o futuro dele. (CANÇADO, 2014)

INOVAÇÃO SOCIAL

Considerando que inovar é romper com a ordem vigente, promovendo mudanças materiais ou de valores, Andion (2014, p. 100) define inovação social como “uma nova resposta/solução de efeito duradouro (em termos de convenções, regulações, relações, processos, práticas e/ou produtos e serviços) que visa responder a uma aspiração, atender a uma necessidade, criar uma solução ou aproveitar uma oportunidade de ação, com vistas a modificar as relações sociais, transformar um quadro de ação ou propor novas orientações culturais. A inovação social emerge então da iniciativa de indivíduos ou grupos que focalizam o interesse público”.

NEGÓCIOS SOCIAIS

Com o objetivo de suscitar transformações sociais, os negócios sociais são iniciativas inovadoras tanto pelas soluções propostas quanto por seus modelos organizacionais e de gestão e pelas formas de captação de investimentos e de arranjos societários que empregam. Além disso, obedecem à lógica de mercado e costumam originar uma mudança no sentido do ato de empreender e no empreendimento (FISCHER, 2014).

OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Trata-se de uma agenda de desenvolvimento sustentável elaborada em 2015 pelas Nações Unidas, que resultou em um acordo global entre os países. Os dezessete Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são baseados nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), todos eles fruto do trabalho das Nações Unidas com os governos, a sociedade civil e outros parceiros. Os ODS são os seguintes: 1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero e agricultura sustentável; 3. Saúde e bem-estar; 4. Educação de qualidade; 5. Igualdade de gênero; 6. Água potável e saneamento; 7. Energia limpa e acessível; 8. Trabalho decente e crescimento econômico; 9. Indústria, inovação e infraestrutura; 10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo e  produção responsáveis; 13. Ação contra a mudança global do clima; 14. Vida na água; 15. Vida terrestre; 16. Paz, justiça e instituições eficazes; 17. Parcerias e meios de implementação.

ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

“Podem ser entendidas como as iniciativas com diferentes aparatos organizacionais, que através de sua ação dão origem, reconhecem ou disseminam determinadas lutas sociais e ambientais, causas, direitos, valores e formas de vida social e pertencimento cultural. Na maioria das vezes, sua ideologia, valores e agenda de ação buscam preservar e ampliar o acesso a determinados direitos, bens e serviços que aprofundem a democracia, justiça, equidade e sustentabilidade, dentre outras causas relacionadas a direitos universais ou de grupos específicos” (TEODÓSIO, 2014, p. 128).

POLÍTICAS PÚBLICAS

Podem, enquanto área de conhecimento, estudar o papel e as instituições do Estado, o que permite compreender de que forma as ações do governo impactam a sociedade. Por outro lado, as políticas públicas podem ser entendidas como os planos, os programas e as ações do Estado. Nesse caso, a negligência dele para com a sociedade, ou seja, a falta de ações também é um tipo de política pública. (SCHIOCHET, 2009)

SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

A sociedade civil designa todas as formas de ação social levadas a cabo por indivíduos ou grupos que não emanam do Estado nem são por ele determinadas. Uma sociedade civil organizada é uma estrutura organizativa cujos membros servem o interesse geral através de um processo democrático, atuando como intermediários entre os poderes públicos e os cidadãos (https://eur-lex.europa.eu/homepage.html).

SUSTENTABILIDADE

“A etimologia da palavra remete ao adjetivo sustentável, oriundo do latim sustentabile, derivado do verbo sustentar. E significa aquilo que pode ou deve se sustentar. Além disso, qualifica a capacidade de se manter constante ou estável por um longo período. O verbo sustentar, por sua vez, vem do latimsustentare, que significa fornecer ou garantir o necessário para a sobrevivência; impedir a ruína ou a queda de; amparar; proteger; favorecer; auxiliar; conservar a mesma posição; suster-se; equilibrar-se. Sustentar também significa alimentar, nutrir e manter (FERREIRA, 1999). O verbo sustentar é transitivo direto, o que leva à pergunta: sustentar o quê? Neste caso, a resposta seria sustentar a Vida, simplesmente.” (GONÇALVES-DIAS, 2014, p. 165).

TECNOLOGIA SOCIAL

Dowbor (2014) afirma que as tecnologias sociais são definidas como tais pela forma de seu aproveitamento, “por serem reaplicáveis em diversos meios e condições, e por contribuírem para os equilíbrios econômicos, sociais e ambientais” (DOWBOR, 2014, p. 169). É preciso olhar para quem se apropria das tecnologias sociais, como as gere e com quais fins são utilizadas. Um objetivo em comum é o de empoderar comunidades, no sentido de dar a elas a capacidade de controlar seu próprio desenvolvimento, possibilitando a relação com o exterior, mas mantendo a autonomia e a identidade de cada uma delas. É uma terminologia a que se faz muita referência, mas que possuir críticas importantes a ela.

TERCEIRO SETOR

“O termo terceiro setor é uma definição usada para descrever um conjunto de relações sociais diferentes das do Estado e do mercado. Como tal, é uma definição relacional que também depende das mudanças na natureza do Estado e das forças de mercado. É aplicado frequentemente a uma grande variedade de iniciativas, como organizações de caridade, associações, fundações, grupos de auto-ajuda, iniciativas populares de base, redes e movimentos sociais, mutualidades, cooperativas, empresas sociais e outras.” (FERREIRA, 2009, p. 322, grifo da autora.)

SUGESTÃO DE REFERÊNCIA

BOULLOSA, Rosana de Freitas (org). Dicionário para formação em gestão social. Salvador: CIAGS/UFBA, 2014. p. 98-102.

CATTANI, A. D.; LAVILLE, J. L.; GAIGER, L. I.; HESPANHA, P. Dicionário Internacional da Outra Economia. São Paulo, Coimbra: Almedina, CES, 2009.

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